"... não me deixe mais sorrir quando quero mandar se foder. Não me deixe mais presa em filas, quando tudo o que eu quero é não mais pertencer ou provar. Apenas pensar na vida, usar meus cremes, botar uma meia, fazer minha massa ruim com legumes, assistir Sopranos e sei lá porque sentir uma alegria que poucas vezes senti ao longo da vida. Ficar comigo, só comigo. E sorrir pensando que um dia alguém tão bacana quanto eu poderia se deitar ao meu lado pra gente ser tão especial juntos.
Não me deixe mais paquerar qualquer cara bobo, mal vestido, sem assunto e sem magia só porque preciso de algum bosta me ligando pra me sentir mais mulher. Isso é coisa de gente imoral, de gente com mais medo da solidão do que o auge do meu medo da solidão. Não me deixe mais confundir amor com ego e ficar aprisionada tantos bons anos num rapaz tão comum. Comum ao ponto de eu querer ser tão comum quanto ele só porque, para mim, isso é ser diferente. E sair do meu corpo, como se eu tivesse experimentado algum alucinógeno pra sentir de perto como é passar a vida rindo e indo a festas como todo mundo.
Que perda de tempo não me amar absurdamente. Não me validar absurdamente. Que perda de tempo. É, você foi posta pra fora em boa hora. Eu nunca amei tanto cada defeito e bizarrice minha. E não me pergunte o motivo pois daria outro texto enorme que não leva a lugar nenhum. É a maravilha de estar com quase trinta anos e poder ser triste, perturbada, estranha e má em paz. E poder ser tudo isso com tanta autenticidade e com tanta entrega, que tudo perde sua força, seu peso e não passa de um bom motivo pra rir e continuar em frente."
Que perda de tempo não me amar absurdamente. Não me validar absurdamente. Que perda de tempo. É, você foi posta pra fora em boa hora. Eu nunca amei tanto cada defeito e bizarrice minha. E não me pergunte o motivo pois daria outro texto enorme que não leva a lugar nenhum. É a maravilha de estar com quase trinta anos e poder ser triste, perturbada, estranha e má em paz. E poder ser tudo isso com tanta autenticidade e com tanta entrega, que tudo perde sua força, seu peso e não passa de um bom motivo pra rir e continuar em frente."
*Tati Bernardi
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